O papa Francisco, o Padre Cícero e o exemplo da reconciliação

Cardeal Pietro Parolin

Cícero e Francisco e a opção preferencial pelos pobres 

A divulgação do conteúdo da mesma provocou euforia entre os devotos, admiradores e amigos do Padre Cícero e foi por muitos interpretada ate como sendo a tão sonhada reabilitação do reverendo ou no mínimo um sinal positivo para sua reabilitação e posterior beatificação. Eu li em re-li varias vezes a mensagens procurando enxergar nas entre linhas e entender a profundidade do seu conteúdo e a plenitude do gesto do Papa Francisco, e ao concluir a ultima leitura, minha admiração por Jorge Mario Bergoglio aumentou ainda mais.

Chamou minha atenção de forma particular já o primeiro item da carta onde diz que: "não é intenção desta Mensagem pronunciar-se sobre questões históricas, canônicas ou éticas do passado." Para em seguida avaliar o papel do padre Cícero no atual momento ou seja " reavaliar e apreciar as várias dimensões que marcaram a ação do Padre Cícero como sacerdote e, deixando à margem os pontos mais conntroversos, por em evidência aspectos positivos da sua vida e figura, tal como é atualmente percebida pelos fiéis".  Analisar o papel do padre Cícero sem os preconceitos ou censuras que lhe foram imposta.

Em seguida passa a pontuar esses diversos aspectos sempre de maneira elogiosa. Nas referencias às romarias, por exemplo, mostram o papel do Padre Cícero como sendo o grande responsável por fomentar valores éticos e religiosos que se enquadram nos princípios fundamentais da fé católica, com realce especial para sua opção preferencial pelos pobres, por valorizar a piedade popular da época,  a devoção Mariana e o respeito aos mortos, Disso resultou o que é chamado "fenômeno  religioso de Juazeiro" que são as romarias aceitas como uma bela expressão da fé.  

Por fim o texto enfatiza que mesmo o padre Cícero agindo muitas vezes em desacordo com a hierarquia da igreja da época suscitou o bem e seus atos tiveram repercussão benéfica em vista da evangelização de todos aqueles que a ele sentem-se ligados.

Ao usar o termo CONCILIAÇÃO a diocese local,  chama ao meu ver, a um especie de perdão de erros eventuais e a unida em um esforço por uma "reta orientação eclesial, para que surtam os benefícios de uma adequada evangelização". A partir de agora as portas da igreja se abrem para o padre Cícero e o gesto marcante desta reconciliação foi sem duvida nenhuma a subida ao altar da missa do ultimo dia 20 de dezembro do retrato do Padre Cicero, foi como se ele mesmo estivesse ali para ouvir da autoridade maior da igreja que seus acertos foram maiores que seus erros, que ele foi capaz de superar contextos históricos terríveis, agiu para promover a caridade, e que portanto deste modo todos os que estavam ali presente ouviram, concordaram e aplaudiram quando foi dito que: "é necessario, neste contexto, dirigir a nossa atenção ao Senhor e agradecê-lo por todo o bem que ele suscitou por meio do Padre Cícero". 

Fica neste Natal, a reconciliação como a maior exemplo de caminho para construção da paz e da fraternidade, a ela junte-se o perdão e a caridade elementos essenciais para a construção de uma sociedade justa e solidária.        

O retrato do Padre Cícero foi conduzido por padres ao altar, gesto que simboliza a reconciliação da Igreja com o reverendo

O papa Francisco não poderia ter escolhido ocasião melhor como os festejos de comemoração do centenário da Diocese do Crato e a proximidade do Natal para manifestar-se a respeito da figura do Padre Cícero Romão Batista e a nova Evangelização. E assim o fez através de mensagens destinada a Dom Fernando Panico, bispo diocesano do Crato, assinada pelo cardeal Pietro  Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, onde afirma que mensagem foi regida pela "expressa vontade de Sua Santidade o Papa Francisco" com o objetivo que seja repassada aos diocesanos e aos romeiros do Padre Cícero chamando a todos em torno desta a promover a mais autêntica comunhão eclesial  tendo Cristo como principio e meta da história.